quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Corra tola corra!

Um desses dias, a visita mensal chegou sem aviso prévio (aliás, isso é muito comum). Quando cheguei à Universidade sai desabalada do meu carro em direção ao banheiro mais próximo. Quando lá cheguei, percebi que o problema tinha tomado proporções descomunais (mulheres ficam hiperbólicas nessas fases) e não tinha mais controle. Para minha desgraça eu havia esquecido meu casaco no carro (mulheres precisam de casaco por motivos diversos), e ele era imprescindível para me ajudar a sair daquela situação com alguma dignidade. Fiquei um tempo no banheiro com o rolo inteiro de papel higiênico na mão pensando em como sair dali sem que as pessoas percebessem o que estava acontecendo. Quando cheguei a conclusão que isso seria impossível sem que eu tivesse que matar todas as pessoas em meu caminho, saí correndo. Não sei justificar porque saí correndo, afinal de contas o caminho era o mesmo e passei por todas as pessoas que passaria se estivesse andando. Mas nesses dias não precisamos de justificativa para nada do que a gente faz, não é mesmo? Posso esganar alguém e dizer: “Mas gente, eu tava naqueles dias!”.
Bom, após correr desabaladamente cheguei ao estacionamento, o lugar onde eu deveria estar protegida dos olhares acusadores de todos os seres humanos; mas o pessoal da limpeza resolveu almoçar, a equipe inteira, ali perto. Perto de onde estava meu carro, é claro!
Na época em que essa história aconteceu, a comunidade universitária estava sendo assolada por assaltos nos estacionamentos do campus. Com freqüência recebíamos emails contando histórias assustadoras. Portanto, era absolutamente normal eu temer ser assaltada ali naquele estacionamento em pleno dia, com o pessoal da limpeza realizando um festival gastronômico por perto. Quando eu já estava com o casaco na mão, vi um homem se aproximando rapidamente. Ele vinha na minha direção. Eu estava em um corredor entre o meu carro e outro. Fiquei totalmente alerta e comecei a me preparar para uma reação de luta ou fuga (na verdade eu passo esse período inteiro assim), quando o cara, enfim, fez o que eu temia... entrou no corredor onde eu estava, e isso não fazia o menor sentido, não é mesmo? Só podia ser para me assaltar. Sem pestanejar, empurrei a porta do meu carro, sem trancar e saí correndo desabaladamente, de novo. Eu me lembro vagamente a cara de espanto do cara, no começo eu pensei que ele devia estar com cara de surpresa pela rapidez da minha reação, um tempo depois do acontecido comecei a achar que a cara dele era de medo. Não sei porque diabos eu estava com o papel higiênico do banheiro na mão, o rolo caiu mas fiquei segurando firmemente a ponta. Fui deixando um caminho de papel higiênico atrás de mim. O pessoal da limpeza que comia tranquilamente parou de falar quando passei correndo, e eu podia jurar que eles estavam pasmos com aquela cena insólita. Não preciso nem dizer que não cheguei a amarrar o casaco na cintura, e isso me deu um certo alívio porque deixou claro para todo mundo o que estava acontecendo: “Coitada, está tendo um surto daqueles dias”. Quando achei que estava longe o bastante para que o bandido não me alcançasse, me escondi atrás de outro carro (tudo isso no campo de visão do pessoal da limpeza, é claro) para observar onde estava o meliante. Onde estava o meliante? Caraca, ele roubou o carro ao lado!
Quando o pouco de sanidade que me restava resolveu marcar presença percebi que o tal meliante era o dono do carro ao lado do meu. Ele entrou no mesmo corredor que eu, porque o carro dele estava estacionado na posição contrária ao meu e, portanto, a porta do motorista dos dois carros abria para aquele corredor. Mas antes de me julgar pense bem, qual a probabilidade de num estacionamento com “trocentos” carros, justamente o dono do carro ao lado do meu, e que estava estacionado ao contrário, chegar?  E justamente quando eu estava naqueles dias!
Lá estava eu novamente pensando em como chegar a um lugar sem ser vista. Eu tinha que voltar para trancar o carro e o pessoal da limpeza, que por caridade fingia não estar me vendo agachada atras de um carro, estava no caminho. Foi quando tive uma idéia genial, “vou recolher o papel higiênico!”, “eles vão achar muito legal da minha parte limpar aquela sujeira”. E assim eu fiz... fui juntando a trilha de papel no rolo de novo, balançando a cabeça como se estivesse reprovando quem fez aquilo. Puxa, fazia todo sentido essa estratégia.
Bom, eu disse que ficava possuída nesses dias, né? Depois do show só me restava voltar para casa e me esconder do mundo para sempre. Até porque depois de tanta tensão e correria a situação piorou muito, nem o casaco que custou quase a minha vida conseguiria me tirar daquela situação. Então, fomos embora eu, a vergonha, o casaco e o papel higiênico sujo, óbvio.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Uma trama diabólica

Gente, essa discussão em torno da existência do Acre já caducou, não é mesmo? É um caso clássico da discussão que ficou maior que o mito. De tanto se falar no Acre ele criou corpo e passou a ter existência concreta, mesmo que no imaginário popular. Por isso, proponho agora que discutamos a existência de outra entidade federativa que sempre me pareceu muito mais improvável que o Acre: Roraima.
Quando eu nasci Roraima ainda era um território, ou seja,  foi há pouquíssimo tempo (se levarmos em consideração que a espécie humana habita o planeta há uns 10 milhões de anos). Como território, era muito difícil convencer as pessoas de que era uma coisa real e, numa estratégia digna da KGB russa, o governo transformou a lenda em estado. Como estado sua existência se fortalece e as suspeitas sobre essa ficção são desviadas. Mas eu nunca me convenci.
Se você pedir ao Google para acessar imagens de Roraima, verá que 90% delas são dessa formação que aparece na foto a seguir. Os outros 10% são fotos inespecíficas que poderiam ser de qualquer lugar. Mas voltemos a foto símbolo de Roraima, o que lhe parece? Um lugar místico, não é mesmo? A mesa de pedra flutuando entre as nuvens. É isso que Roraima é, um tabuleiro flutuante, ou seja, a porra do lugar não existe!

Quer ver mais um indício da inexistência do lugar? Sabe como é o nome do governador de lá? José de Anchieta Junior. Isso meus amigos, não só têm a cara de pau de inventarem um nome para o suposto ocupante do cargo, como blasfemam contra um jesuíta ilustre de nossa história, afirmando que ele deixou um filho naquelas paragens. O religioso saciou sua sede de forma promíscua em cima de uma mesa no céu!
Mas a informação que coloca um ponto final em qualquer dúvida que você ainda tenha sobre esse assunto, eu vou contar agora. Eu te pergunto, alguém pode acreditar na existência de um estado que não tenha um time de futebol? Por pior que seja, todo estado tem um time; é futebol, gente; estamos no Brasil. Pois bem, um dos participantes da Copa do Brasil de 2010, era o Atlético Roraima. Para participar do campeonato, o suposto time do suposto estado, montou uma equipe com 23 jogadores de.... Porto Alegre! Me diga, como é possível um estado não ter nenhum jogador para representá-lo? Essa é uma prova inequívoca da inexistência de Roraima. E para que não fique nenhuma dúvida, olhe fixamente para o emblema do time.  

É um Internacional? É um Fluminense? Não! É a sua imaginação!

O que fazer quando é melhor ser surdo?



Era noite e eu estava cansada, ou seja, podia ser qualquer dia da semana – este é meu modus operandi atual. Mas eu tinha uma grande vantagem ao meu lado, estava no ponto de ônibus perfeito. Naquele ponto passavam umas cinco linhas capazes de me deixarem perto de casa.
E eis que vem o 434. Que bom, pensei, ele faz um caminho mais rápido que os outros. Fiz sinal e entrei. Entrei para viver uma experiência única. Descobri, neste dia, que o tempo, e não só o amor, pode ser “infinito enquanto dure”.
No Rio, a gente entra pela frente do ônibus, e dá logo de cara com aquele ser humano ao qual você entrega sua vida enquanto permanece dentro daquela caixa gigante com rodinhas que chamamos de ônibus. E de cara me surpreendo, o motorista era: a motorista. Era uma mulher com um cabelo tipo Elba Ramalho, muito loira, de batom e badulaques pendurados. Por cima da camisa do uniforme ela vestia um colete preto e, nas mãos, usava luvas, daquelas de bicicleta. Percebi tudo isso ao entrar no ônibus e olhar para ela durante cinco segundos, ou seja, se ela sequer abrisse a boca já seria presença marcante; mas ela não fez isso. Ela me comprimentou de modo efusivo e eu estranhei.
Passei pela roleta e sentei. A história começa. É claro que eu não estava de muito bom humor neste dia, mas poxa Deus, precisava me testar?! Meu calvário começou quando ela, a motorista, começou a cantar, e alto. O repertório você pode imaginar, não sei nem dizer qual era porque não conheço as músicas, mas eram ruins, e com ela cantando pareciam piores. Ela cantava alto, e comecei a maldizer aquele maldito ladrão que roubou meu radinho. Ah, meu radinho!
Mas ela não parou por aí. Ela falava, sempre alto, o tempo todo. Ela falava com o trocador, com os passageiros que entravam, com as pessoas na rua, com ela mesmo, era um falatório sem fim.
É uma pessoa muito feliz, pensei de novo. Mas que merda, como alguém pode ser feliz dirigindo um ônibus? Rapidamente lembrei de minha amiga Cacau e sua declarada aversão a pessoas muito felizes. Comecei a sentir saudade dos tradicionais motoristas de ônibus. Aquelas criaturas infelizes, que quando você entra e dá bom dia fazem aquela cara de vômito – isto quando eles olham para a sua cara. Onde estão estas nobres criaturas? Meus pensamentos foram interrompidos quando ao fazer uma curva, não muito fechada, ela gritou UHULL!
UHULL? Como assim UHULL? Eu posso contar nos dedos dos pés as coisas da vida que são capazes de me arrancar um UHULL! E nem que eu fosse uma centopéia, dirigir um ônibus seria uma delas! Eu te proíbo de ser feliz desse jeito, mulher! Mas nada é tão ruim que não possa ficar pior.
Ela então começou a cantar um hit internacional. Era a música Jump!, do Van Halen. Obviamente eu não identifiquei a música pela letra – ela estava cantando numa língua que os jupterianos falam, eu reconheci pelo ritmo do refrão.
O diabo é o que é por suas artimanhas...e lá estava ela cantando Jump!, e isso durou um bom tempo. Comecei a acreditar que Jump! era uma boa idéia, aquilo foi virando um mantra, Jump! Resolvi, então, abrir a janela, Jump!, respirei fundo e... Jump!.
Lá estava eu de novo num ponto de ônibus. É claro que eu não pulei do ônibus pela janela! Eu pulei da cadeira, puxei a sineta e desci. Numa fração de segundo entre um Jump! e outro, concluí que era melhor pegar outro ônibus do que ser surda.


PS: Escrevi isso em 2008 e postei no blog de uma amiga (ócio promíscuo), como agora eu resolvi ter um só pra mim, coloquei aqui também.

Eu também sei fazer

Não sei você, mas eu acho geniais aquelas propagandas do Hortifruti. Além de criativas, são muito engraçadas, adoro coisas que me fazem rir. Outro dia eu estava com o Daniel e passamos por uma propaganda nova e eu não entendi... Frustrada, perguntei se ele tinha entendido e ele começou a cantar um pagode (ah???). Depois de alguns segundos reconheci a música e consegui fazer a associação. Eu não sou muito de pagode, sabe? Mas aquela era uma música famosa, daquelas que você fica conhecendo mesmo sem querer porque todo mundo canta aquela merda no seu ouvido. Essas coisas você não consegue deletar da sua mente, mas eu consigo guardar na caixa Cold Case do meu cérebro, o bom é que o lugar é de difícil acesso.
Enquanto eu pensava nisso tudo e enchia o saco do Daniel dizendo que aquela não era uma boa propaganda e ele retrucava dizendo que eu não tinha cultura, nós passamos pela propaganda de uma peça teatral. Nessa época a zona sul, pelo menos, tinha sido assolada com propagandas de uma peça de teatro (Calígula) encenada pelo Tiago Lacerda. Cara, foi instantâneo... "se o Hortifruti não fez uma propaganda legal, eu vou fazer!"
Não me pergunte porque fiquei tão furiosa com aquela propaganda, nem porque achei que precisava redimir os publicitários daquela bola fora; porque a minha razão tem motivos que a falta de noção desconhece. Então, aqui vai uma amostra do meu "suposto" insight:

Sem comentários...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

De olho no lance!


Não se preocupe, não vou discutir futebol por aqui, mas eu tenho uma teoria e, portanto, uma obrigação moral de dividir esse conhecimento, quase científico, com o mundo.
Eu me lembro do tempo em que Ronaldo era chamado carinhosamente de Ronaldinho. Com o tempo e o aumento progressivo e, aparentemente, desenfreado do diâmetro de sua cintura, ele passou a ser chamado apenas de Ronaldo. Com a impossibilidade semântica de continuar sendo "inho", o diminutivo passou para um outro Ronaldo e ele ganhou um sobrenome. Não entendo até hoje porque não virou Ronaldão.
Na semana passada, dia 15/11/2010, em jogo dramático contra o cruzeiro, valendo a liderança do campeonato brasileiro, Ronaldão foi o centro das discussões por causa de uma falta suspeita que sofreu. Era suspeita porque foi dentro da grande área e, lá, se derrubar é penalti. Perdi a conta de quantas vezes e em quantos canais diferentes fui obrigada a rever aquela cena que para mim era óbvia. E fiquei me perguntando, "Será que o mundo enlouqueceu? Porque diabos as pessoas estão discutindo isso? É claro que foi penalti!"
Vou explicar minha teoria e será bem rápido. Olhe para o Ronaldo, veja a quantidade de massa que precisa ser deslocada para depois ser derrubada. Agora pense na força que a criatura que veio por tras teve que fazer para mover aquele Fenômeno. Me diga, olhando em minhas palavras, que foi uma disputa normal de jogo... tá, tudo bem, você torce pro cruzeiro...